O Diretório Acadêmico Alfredo Balena (DAAB) é o órgão de representação estudantil dos alunos de Medicina da UFMG. Entre as funções do DAAB estão a de ocupar as cadeiras nas câmaras deliberativas departamentais e defender os interesses dos alunos; prezar pela manutenção da universidade pública, gratuita, de qualidade, inclusiva e alinhada ao SUS; acolher e dar prosseguimento nas queixas e problemas de estudantes com a faculdade; realizar eventos culturais e campanhas educativas; receber bem os novos alunos da faculdade; organizar eventos para orientar os alunos sobre os processos seletivos de residências e as diversas especializações; manter a sede física funcional para descanso e confraternizações, etc.
QUEM SOMOS?
NOSSA HISTÓRIA
A origem do Diretório Acadêmico Alfredo Balena (DAAB), anteriormente chamado Centro Acadêmico da Faculdade de Medicina (CAFM), mistura-se à origem da própria Faculdade de Medicina. Aparentemente, o CAFM foi fundado em outubro de 1913, quando há registro da criação do “Livro de Atas”. Em 1920, lançou seu primeiro periódico, o “Radium”, que se dedicava não só a publicações acadêmicas das diversas áreas da medicina, mas também a notícias acerca da nova capital mineira, Belo Horizonte, que ainda florescia.
Após a morte do Professor Alfredo Balena, o então CAFM passou a ser chamado DAAB e, um ano depois, em 1960, como parte das comemorações do cinquentenário da Faculdade de Medicina, foi inaugurada a nova sede, com 450m2. Na mesma época, o DAAB criou a Recepção dos Calouros e já representava um refúgio agradável para os acadêmicos.
Atualmente, a sede social do Diretório é um dos únicos espaços de convivência dentro do Campus Saúde, sendo importante ponto de encontro dos alunos e funcionários. As gestões se esforçam para manter o espaço aconchegante, cuidando para que os puffs, as mesas de totó, sinuca e ping-pong, o violão, as redes, o microondas, entre tantas outras coisas que oferecemos aos alunos, estejam disponíveis.
Nas páginas do Jornal PH7, folhetim criado pelos alunos em 1946, muitos já escreveram sobre personagens e fatos que marcaram a UFMG. A publicação foi um foco de resistência durante a Ditadura Militar e contribuiu para mudanças importantes nos currículos médicos. Atualmente, o PH7 não é mais publicado. Apesar disso, o DAAB continua trabalhando pela melhoria do ensino na FM-UFMG e para fazer a voz do aluno ser ouvida dentro das reuniões de Colegiado e Câmaras Departamentais.
A história do DAAB é longa, mas sempre significou resistência e defesa da democracia. Foi na nossa sede física que aconteceu o 3.º Encontro Nacional dos Estudantes em 1977, marco da união dos estudantes na luta contra a Ditadura. O lema “Pela Educação como Prática de Liberdade” é bastante representativo do que as gestões desse Diretório se propõem a construir junto com a comunidade acadêmica a cada ano.
Hoje, o DAAB é dividido em 13 coordenações: Coordenação Geral (engloba a Coordenadoria Geral, Secretaria e Tesouraria), Comunicação, Cultural, Ensino Médico, Eventos, Infraestrutura, Movimento Estudantil, Relações Internacionais (engloba a CLEV – Coordenação Local de Estágios e Vivências), Representação Estudantil (também chamada de RDOC), Saúde Mental, Saúde Pública, Produtos e Promoção Institucional. Dentro das coordenações, há os(as) Coordenadores(as), que são as pessoas que construíram ativamente a chapa eleita e tem a responsabilidade de guiar as diretorias, e a Rede de Ajuda, que são as pessoas que entram posteriormente para ajudar a construir os projetos e o DAAB.
ORGANIZAÇÃO
GESTÃO ATUAL
A Gestão Jacarandá foi eleita em dezembro de 2023 e iniciou seu mandato anual em fevereiro de 2024. Na cultura popular brasileira o jacarandá, mais que um símbolo de beleza, representa resistência e brasilidade. A escolha do nome reforça nosso compromisso em dar sequência ao trabalho da Gestão Sagarana no combate às opressões e defesa dos direitos estudantis.
Seguiremos prezando pela construção coletiva junto à comunidade acadêmica da Faculdade de Medicina da UFMG e à sociedade, cientes de que é ela que torna o DAAB um espaço de resistência capaz de persistir ao longo dos anos. Em ano de eleições municipais, pretendemos nos aproximar da política da cidade para defender a permanência estudantil, a educação e a saúde pública, gratuita e de qualidade.
NOSSOS EVENTOS
VINHADA
A tradicional Vinhada da Medicina UFMG é um evento que acontece semestralmente há mais de 18 anos. É a festa de recepção aos calouros, bem como o adeus aos veteranos que estão prestes a se formar.
Regada a muito vinho e música boa, ela atrai mais de 1300 universitárias durante suas mais de 8 horas de duração. É imperdível!!
FESTA JUNINA
O nosso Arraiá da Saúde é um evento que ocorre nos meados de junho e que busca promover a integração entre os prédios do Campus Saúde. Assim, o DAAB convida discentes, docentes e servidores da Faculdade de Medicina, da Escola de Enfermagem e do Hospital das Clínicas para aproveitar uma festa com muita comida e música típica, afinal quem não gosta de uma boa festa junina?!
CONHEÇA A ANTIGA COORDENAÇÃO DE
RESGATE HISTÓRICO
DEPOIMENTOS
Conheça alguns depoimentos de Ex-membros do DAAB!
A minha história com o DAAB começou em 1997. Naquele ano, devido a uma crise econômica enfrentada pelo Hospital das Clínicas, o curso de Medicina foi paralisado e ficamos sem aulas. O déficit econômico do hospital era de cerca de um milhão de dólares – o que, naquela época, era muito mais dinheiro do que seria hoje.
O argumento para a paralisação das aulas era de que seria impossível que elas continuassem sem o hospital funcionando normalmente. Entretanto, como foram paralisados todos os períodos – incluindo-se aí o Ciclo Básico – eu não sei até que ponto a decisão de interromper as aulas foi técnica ou política. Talvez tenha sido política e tenha surtido o efeito desejado, uma vez que, sem aulas, os alunos começaram a se mobilizar para que a situação voltase ao normal.
Eu ainda não era do DAAB. Na verdade a minha “filiação” era com o Show Medicina, que sempre foi uma grande paixão e um grande alento durante a vida difícil de estudante. Participei do Show por 4 anos (1996 a 1999), com a alcunha de “Magrão”.
Mas fui um dos líderes do movimento que se seguiu com o objetivo de sensibilizar a sociedade e os políticos em relação à delicada situação enfrentada pelo Hospital das Clínicas. Eu, Sílvia Zenóbio, Marcelo Faria, Katiúscia Ramalho, Vinícius Araújo e Kelly Brandão, entre outros, começamos a levantar dados para fazermos um dossiê sobre a situação do hospital. Além disso, alguns de nós – eu inclusive – fizemos uma verdadeira peregrinação pelos gabinetes dos deputados estaduais na Assembleia Legislativa de Minas Gerais.
Nosso objetivo era levantar dinheiro para alugarmos ônibus e irmos todos a Brasília para fazer pressão direta sobre políticos de expressão nacional e também técnicos dos Ministérios da saúde e da Educação. Enfim, conseguimos alugar vários ônibus com recursos doados pelos deputados e também por voluntários sensibilizados com a situação. Não me lembro precisamente do número: Acredito que tenha sido algo entre 9 e 11 veículos.
Nossa caravana chegou a Brasília no dia 18 de junho de 1997. A então Senadora Junia Marise nos ajudou a marcar reuniões com o então presidente do Senado Federal – o notório Antônio Carlos Magalhães (ACM) – e também com técnicos dos Ministérios da Saúde e da Educação. Lembro-me de termos nos encontrado também com o então Senador Francelino Pereira.
Em uma reunião realizada na presidência do Senado, eu entreguei pessoalmente uma cópia do dossiê que fizemos ao senador Antônio Carlos Magalhães – que nos fez várias perguntas sobre o funcionamento do hospital e nos revelou ser médico imaginologista. Além disso fez, claro, um discurso retórico de solidariedade. A discussão com o técnico do Ministério da Educação que nos recebeu também foi vazia. Entretanto, tivemos um razoável embate com o técnico do Ministério da Saúde, cujo nome não me lembro. Ele tentou nos convencer de que o problema não estava na Esfera Federal, e sim na gestão do próprio hospital. Nada daquilo condizia com o que ouvíamos, líamos e discutimos.
Não me lembro quanto tempo depois de nosso retorno as aulas voltaram. Recordo, apenas, que voltamos antes de que os problemas do Hospital das Clínicas fossem resolvidos, o que gerou uma discussão tensa entre o então coordenador-geral do DAAB (Edmundo “Piauí”) e o então diretor da Faculdade de medicina, em uma reunião na sala da diretoria na qual vários de nós estivemos presentes. A visão dos estudantes era de que havíamos sido “usados” como mecanismo de pressão adicional para resolver o problema. Uma vez exercida a pressão, voltamos a vida normal de estudante, porém com os mesmos problemas em relação ao hospital.
No ano seguinte, a maior parte dos líderes daquele movimento participou da gestão do DAAB. Sílvia, Katiúscia e Marcelo formaram um “triunvirato” como coordenadores gerais. Eu assumi a coordenação de educação médica e também me tornei representante discente do Conselho diretor do Hospital das Clínicas, posições que mantive durante os anos de 1998 e 1999, ao final do qual me formei.
Participei também do Congresso da UNE em Belo Horizonte como delegado, não me lembro se em 1997 ou 1998.
Um adendo: em minha última reunião como conselheiro do Hospital das Clínicas, houve uma prestação de contas por parte do então diretor. Foi-nos apresentado um superavit de 300 mil dólares. Questionado a respeito de tal mudança em um período de dois anos, ele relatou que o Hospital havia iniciado diversas campanhas e processos internos contra o desperdício de recursos, o que levou a um equilíbrio das contas.
Uma grande ironia, ao meu ver: o tal técnico do Ministério da Saúde tinha razão, no final das contas. O problema não estava mesmo lá fora, e sim aqui dentro, como ele havia nos alertado. Percebi, com um choque, que a minha iniciação no movimento estudantil teve como origem a minha própria ingenuidade, infelizmente.
Eu já havia sido aprovado no mestrado em Saúde Pública da Faculdade em 1999, antes de me formar. Entretanto, tive um pequeno “contratempo”: fui convocado para servir o Exército na Amazônia no ano 2000. Este foi o único ano em que estive afastado da Faculdade desde que ingressei no curso de Medicina, em 1994, uma vez que nela trabalho desde 2001, quando voltei do Exército e ingressei no Núcleo de Educação em Saúde Coletiva (NESCON).
A minha vaga de mestrado ficou garantida para quando eu voltasse. Assim sendo, cursei o mestrado entre 2001 e 2003, quando defendi minha dissertação.
Em 2006 iniciei o doutorado em Educação na Faculdade de Educação da UFMG, o qual terminei em 2010.
Noto que o meu interesse profissional, após formado, centrou-se sempre em torno da saúde pública e também da educação médica. Não foi coincidência: Toda essa minha experiência estudantil fez com que eu me interessasse por ambos os assuntos. Posteriormente, como membro do NESCON, e depois como consultor do Ministério da Saúde (2005-2006) e Coordenador de Gestão da Educação do Sistema Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS), entre 2011 e 2013, pude aprender muito sobre Educação Permanente de profissionais de Saúde em Serviço, Educação a Distância e formação de Recursos Humanos em Saúde de forma geral.
Fui aprovado em concurso para uma vaga de médico sanitarista no HC em 2006, ao qual fui vinculado até em 2014, quando passei em dois concursos para professor adjunto no espaço de um mês: primeiramente na Escola de Enfermagem (curso de gestão) e, logo depois, para professor adjunto no MPS da Faculdade de Medicina. Optei pelo segundo devido a todos os laços que criei com a institução ao longo dos 20 anos que se passaram desde minha entrada como estudante até aquele momento.
Um parêntesis: vivenciei uma situação inusitada, pois fui aprovado em concurso público nas três unidades do campus saúde. Como não há mais concurso público para o HC, talvez tenha sido a única pessoa a passar por isso, rs.
Tenho muitas saudades daquele tempo. Tenho, também, a certeza de que ele ajudou a moldar o profissional e o homem que ou hoje.